Para entender o que é a Indústria 4.0, precisamos, primeiramente, compreender o seu contexto. O termo é uma variação ilustrativa do seu equivalente histórico: a chamada Quarta Revolução Industrial. Seu objetivo é oficializar o atual momento, em que uma série de tecnologias disruptivas influenciam cada vez mais a sociedade e o mercado global.
Todas as revoluções industriais trouxeram inovações que mudaram completamente o cenário socioeconômico, o comportamento e até a cultura dos indivíduos.
Começamos pela era da mecânica (1ª Revolução), passamos pela era da eletricidade (2ª Revolução), entramos na era da automação (3ª Revolução) e, agora, testemunhamos a introdução da Inteligência Artificial, do Big Data, da robótica e de várias outras soluções impactantes nas empresas.
Contudo, como definir esse fenômeno dentro da realidade dos negócios, quais são as suas implicações no Brasil e no mundo e o que esperar do futuro breve da indústria? Continue a leitura para conferir!
O que é a Indústria 4.0, de fato?
Embora suas tecnologias ainda estejam sendo adotadas de forma restrita, a Indústria 4.0 tornou-se um movimento global liderado por governos de vários países, inclusive o do Brasil. Esse diálogo entre empresas e governantes é mais estreito do que nos eventos anteriores, pois especialistas de várias áreas apontam que as implicações desse fenômeno serão muito mais profundas.
Os pilares dessa nova indústria são:
a manufatura aditiva: também conhecida como impressão 3D, essa modalidade industrial aumenta significativamente as possibilidades da produção de peças e produtos;
a Inteligência Artificial: sistemas inteligentes capazes de aprender, reconhecer problemas e providenciar otimizações de maneira autônoma;
o Big Data: coleta intensiva, gerenciamento e aplicação de grandes volumes de dados relevantes em diferentes esferas do negócio;
a Internet das Coisas: conexão remota entre diferentes equipamentos que viabiliza a integração e a centralização de suas operações;
a Biologia Sintética: com um vasto leque de aplicações, a SynBio, como também é chamada, prevê a criação de organismos artificiais;
os Sistemas Ciber-Físicos: os chamados CPSs reproduzem a operação de um dispositivo físico em uma interface 3D, viabilizando o gerenciamento remoto de alta precisão.
Esse conjunto de inovações implicará a fusão entre os mundos mecânico, digital e biológico, tornando as empresas uma espécie de “organismo vivo” capaz de gerar soluções e se aprimorar sem a necessidade de intervenção direta.
Quais são os principais desafios da Quarta Revolução Industrial?
O mundo já experimenta uma transição no mercado de trabalho, na qual os serviços de base são gradualmente extintos, ao mesmo tempo em que profissões relacionadas ao gerenciamento de sistemas de automação e informação oferecem cada vez mais vagas.
No entanto, há certo receio em relação à velocidade com que esse processo se dará, bem como ao poder que essas tecnologias podem dar às empresas, tendo em vista o seu enorme potencial econômico. Essa é uma das razões para o desenvolvimento da Indústria 4.0 ser acompanhado de perto por diferentes governos.
Dentro das indústrias, por outro lado, os benefícios são claros. Os ganhos em gerenciamento de risco, redução de custos e customização de processos tornarão as fábricas mais produtivas do que nunca. Entretanto, a implementação de recursos tecnológicos ainda é um desafio para a maioria dos gestores, pois muitos deles exigem uma transformação completa nas plantas fabris.
Qual é a situação da Indústria 4.0 no Brasil?
No Brasil, a Indústria 4.0 caminha a passos lentos. O último levantamento realizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) revelou que o país ainda não se destaca em nenhum dos pilares da atual revolução, e apenas 5% das empresas se consideram bem preparadas para os seus futuros desafios.
Entre os principais problemas detectados, destacam-se os inúmeros gargalos na infraestrutura do setor industrial brasileiro e a escassez de mão de obra qualificada. Além disso, o cenário de crise sanitária e institucional certamente atrasará ainda mais a agenda de inovações.
Apesar dos desafios, porém, o Brasil continua sendo visto com otimismo, inclusive por especialistas e instituições estrangeiras. Embora a introdução de novas tecnologias no mercado exija um esforço acentuado durante alguns anos, a ampla adesão da Indústria 4.0 pode gerar uma economia de cerca de R$73 bilhões à indústria, segundo a ABDI (Agenda Brasileira de Desenvolvimento Industrial).
Quais são os principais benefícios da Indústria 4.0?
Muito se fala sobre os impactos das novas tecnologias na rotina das empresas e no dia a dia das pessoas. Entretanto, não podemos deixar de falar sobre os benefícios que a Indústria 4.0 promete para diferentes áreas da sociedade. Confira!
Sustentabilidade
Indústrias inovadoras não produzem resultados isolados, suas inovações podem gerar contribuições para toda a sua região e até para o planeta. Os principais focos da otimização de processos são a eficiência energética e a gestão sustentável dos recursos.
Ainda, de acordo com as projeções da ABDI, a Indústria 4.0, se implementada em grande escala no Brasil, pode gerar uma redução de R$7 bilhões no consumo de energia elétrica. Além disso, recursos inovadores, como a impressão 3D, reduzem significativamente o desperdício de materiais na produção.
Qualidade de vida no trabalho
As indústrias são historicamente referenciadas como ambientes de trabalho desagradáveis, nos quais funcionários são constantemente expostos a tarefas arriscadas e alienantes. Nesse contexto, a tecnologia também tem um papel na reinvenção do trabalho humano, poupando as pessoas de riscos desnecessários e de esforços repetitivos.
A nova indústria dependerá minimamente de mão de obra nas tarefas de base, mas necessitará de apoio especializado em diferentes setores da tecnologia e da gestão. O profissional do futuro, portanto, exercerá atividades mais confortáveis, valorizadas e estimulantes.
Eficiência do mercado
A redução de custos nas indústrias e a otimização dos processos produtivos são apenas a ponta do iceberg de uma enorme reestruturação econômica. As novas tecnologias também prometem melhorias nos modelos de gestão, no gerenciamento de marketing, nos processos logísticos e muito mais.
Até mesmo a capacitação de profissionais está passando por mudanças. As plataformas EAD, em especial as que operam dentro das empresas, são inspiradas em um modelo de design instrucional que deve ser cada vez mais adotado pelas organizações para manter seus colaboradores e parceiros atualizados.
No entanto, vale destacar que, apesar dos diversos incentivos realizados por empresas, especialistas e governos, muitos profissionais e gestores ainda não compreendem exatamente o que é a Indústria 4.0, fato que fortalece falácias e colabora com a resistência de muitas organizações. O primeiro passo dessa transformação tecnológica, portanto, está na educação do mercado e da sociedade.
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